sexta-feira, 5 de março de 2010

... E a aventura começa ....

Buenos Aires: cidade do tango



Conhecer Buenos Aires pode ser o primeiro passo para brasileiros que nunca viajaram para fora do país e sonham em fazer uma viagem internacional



Larissa Araújo
de Buenos Aires



Estou no centro de Buenos Aires. Respiro o que chamam de 'Paris latina'. Sol quente à pino (mais quente do que Goiás, Tocantins e Palmas juntos. Alguém acredita?). No meio da Avenida Corrientes com 9 de Julho, a mais larga avenida do mundo, vejo uma loja que vende pizza grande por apenas R$ 10, a Ugi´s. Essa pizzaria é famosa na cidade, pois, além de servir com rapidez, é barata. De um lado, observo a Broadway dos portenhos. De outro, enxergo uma enorme fila de pessoas para assistir ópera. Se seguir, você vai para Recoleta e dá de cara com o tango elétrico (eletrotango) e um cemitério charmoso. Se voltar duas quadras, chega ao Café Tornoni e entra na máquina do tempo - a mesma que transportou Federico Garcia Lorca, Carlos Gardel e Jorge Luis Borges.. Com sua sacada em estilo francês e sua fachada em moldura de ferro e vidro, o café oferece um cardápio que inclui guloseimas maravilhosas, como a merengada (um sorvete gigante com pó de canela de cobertura) e o submarino (delicioso, com chocolate que derrete no leite quente), além dos espetáculos de tango que animam as noites. Dali mesmo, se pegar o metrô, descer três pontos e entrar num táxi por R$ 10, você se surpreenderá com o 'Caminito' lá na Boca. Quando menos se espera, um dançarino de tango aperta sua mão e te puxa para acompanhá-lo no ritmo apaixonante e sensual. Mas o melhor mesmo é assistir a dança e depois, só no final, tirar uma foto dando aquela ‘encoxada’. Passear em suas ruas de pedras, observando seus cortiços pequenos grudados um no outro, como cidade de interior, é interessante.
Ao conversar com um argentino você descobre que aquele bairro histórico abrigou imigrantes italianos, que levantaram suas pequenas casas com pedaços de navios. Por isso algumas casas foram construídas com latas. La Boca é feito de casas coloridas, culinária ultra-portenha, fanáticos no Boca Juniors e, claro, do barulho ensurdecedor do estádio La Bombonera.
Viajar para Buenos Aires é sentir tudo ao mesmo tempo (e agora), como se estivesse em casa. Ao contrário do que muitos dizem sobre a rivalidade entre argentinos e brasileiros, sempre lembrada por causa do futebol, a cidade e os portenhos recebem os turistas de braços abertos. É possível ver brasileiros conversando em todos os cantos da cidade e ouvir ecos de Maradona jogando bola numa quadra velha caindo os pedaços na Villa Fiorito e sentir o cheiro da art noveau emergindo do porão do Tortoni que reunia de Gardel a Borges, de Evita e Perón a outros caudilhos famosos. Tudo por quantias mais em conta do que um programa no Brasil: o dia num hotel ao lado do Café Tortoni (R$ 80), R$ 500 (cada passagem), R$ 1,15 (o valor da passagem de metrô) e um preço camarada nas coisas que encontrar nas mais de cem lojas da badalada Rua Florida.
Um pouco à frente de onde estava, no Obelisco (que vira e mexe recebe uma enorme camisinha, em homenagem ao forte movimento gay portenho), surge o símbolo da Argentina: com faixas pintadas de branco e azul, manifestantes acampados na Plaza de Mayo, nos cantos da Casa Rosada, protestam em plena luz do dia com frases de ordem: “Federação dos veteranos da Guerra das Malvinas” e “Proibido olvidar”. A dor dessa guerra e daquela vivenciada na ditadura é sempre lembrada todas as quintas-feiras pelas Mães de Maio. Silenciosamente, elas se reúnem e choram pelos seus filhos desaparecidos no confronto com militares. Próximo dali, na Plaza del Congreso, você se depara com uma das obras mais lindas: o Palácio de Congresos. A sede do Poder Legislativo tem um estilo arquitetônico grego-romano. Quando levantar o pescoço para olhar tamanha exuberância, você acabará perdendo de vista a dimensão.



Telefones
Conversar com a família em telefones públicos não é nada agradável. Talvez por falta de conhecimento e de prática em usá-los, você acaba perdendo um monte de moedas engolidas pelos orelhões. O jeito mais tranquilo de fazer ligações é, sem dúvida, nos 'locutórios' – espécie de lan house, mas com cabines que têm aparelhos telefônicos.
Em apenas três dias em Buenos Aires é possível contar várias histórias para seus amigos e parentes. Desde episódios engraçados até fatos decepcionantes. É comum turistas caírem em armadilhas muito bem elaboradas pelos taxistas. Parada em frente do Obelisco, com mochila nas costas, preparada para ir embora e observando um casal de homossexuais, chamei um táxi. O senhor de cabelos grisalhos, com bochechas vermelhas e boca pronta para iniciar uma longa conversa, me levou até o aeroporto Internacional Ezeiza e, de brinde, me passou um troco de 50 pesos falsos. Quase gritei: "Hijo de p*****!!!". Mas preferi guardar o palavrão e ir embora tranquila para o embarque. Por isso é importante ficar sempre atento: taxistas bons de conversa e simpáticos demais podem trazer sérios prejuízos para o bolso do visitante. O legal mesmo é passear de metrô. Realmente deveria ter feito isso antes de pegar aquele táxi. Além de ser rápido, e a chance de adquirir notas falsas é bem menor, você observa como são os argentinos e os costumes de cada um. A arte e a cultura são pintadas nas paredes de algumas estações. Artistas como Carlos Gardel, o ícone do tango argentino, aparecem em paredões subterrâneos. Enfim, uma viagem, de táxi, metrô ou avião, é inesquecível. E mais barata que andar pelos principais pontos turísticos do Brasil.





Lugares mais frequentados por turistas em Buenos Aires



 

Shopping Abasto – localizado na Avenida Corrientes, no bairro Abasto. Antigamente, onde se encontra o shopping, existia um centro de abastecimento da cidade. Em frente ao shopping tem uma estátua de Carlos Gardel, que, no começo de sua carreira, morou por muito tempo naquelas redondezas.



Café Tortoni – ambiente de encontro entre intelectuais. Personalidades como o cantor Carlos Gardel, o filósofo Ortega y Gasset, entre outros famosos, já se acomodaram ao redor das mesas do café. No primeiro andar, funcionam espetáculos de tango de dançarinos da Academia Nacional de Tango.



Palermo Chico – bairro chique, ideal para você desfrutar de restaurantes, conhecer museus, fazer compras e relaxar tomando um sorvete. Sua principal atração é "Floralis Generica", uma flor gigante, com cerca de 20 metros de altura, feita de aço. Suas seis pétalas sempre se abrem no início da manhã e se fechem no pôr-do-sol.



Recoleta – lugar elegante que lembra Paris. Chama atenção dos turistas devido seus restaurantes e bares om mesas nas calçadas. Tem um cemitério histórico, onde foram enterradas diversas celebridades argentinas como María Eva Duarte de Perón, a Evita –casada com o ex-presidente da Argentina Juan Domingo Perón.
Teatro Colón – inaugurado em 1908. Com mais de 100 anos, hoje, ele se encontra fechado para restauração. É a mais importante sala de concertos da Argentina. Com capacidade para três mil pessoas. Vários cantores e dançarinos já se apresentaram nesse teatro como Pavarotti, Nijinsky, Toscanini, Callas e Caruso.

0 comentários:

 
©2007 Elke di Barros Por Templates e Acessorios